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Gastos do consumidor dos EUA caem em dezembro; inflação desacelera

Os gastos dos consumidores dos Estados Unidos caíram pelo segundo mês consecutivo em dezembro, colocando a economia em uma trajetória de crescimento mais baixo em 2023, enquanto a inflação continuou a arrefecer, o que pode dar ao Federal Reserve (Fed) espaço para reduzir ainda mais o ritmo de seus aumentos de juros na próxima semana.

O relatório do Departamento de Comércio divulgado nesta sexta-feira também mostrou o menor ganho na renda pessoal em oito meses em dezembro, refletindo em parte o crescimento moderado dos salários, o que não é um bom presságio para os gastos dos consumidores nos próximos meses.

Os gastos dos consumidores, que representam mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, caíram 0,2% no mês passado, disse o Departamento de Comércio. Os dados de novembro foram revisados para baixo para mostrar queda de 0,1%, contra avanço de 0,1% informado anteriormente. Economistas consultados pela Reuters projetavam recuo de 0,1% em dezembro.

Os dados foram incluídos no primeiro relatório sobre o Produto Interno Bruto do quarto trimestre, divulgado na quinta-feira, que mostrou manutenção de ritmo sólido de crescimento para os gastos dos consumidores. A economia norte-americana expandiu a uma taxa anualizada de 2,9% no período.

O carrego fraco para 2023 aumenta os riscos de uma recessão no segundo semestre do ano, mas também reduz a necessidade de o banco central dos EUA manter uma postura excessivamente agressiva em relação à política monetária. O mais rápido ciclo de altas de juros do Fed desde os anos 1980 empurrou o mercado imobiliário para a recessão e a manufatura está nos estágios iniciais de uma retração.

Os juros mais altos têm afetado a demanda por bens, que tendem a ser comprados a crédito. Em dezembro, houve uma ampla queda nos gastos com bens, em parte refletindo os preços mais baixos da gasolina, que diminuíram a arrecadação nos postos.

Os gastos com bens manufaturados de longa duração, como automóveis, bens recreativos e móveis e equipamentos domésticos, diminuíram 1,9%.

Embora o crescimento dos gastos com serviços esteja ajudando a ancorar o consumo, algumas famílias, especialmente as de menor renda, têm esgotado a poupança acumulada durante a pandemia de Covid-19, limitando o alcance dos ganhos.

Os gastos com serviços aumentaram 0,5% no mês passado, igualando o ganho de novembro.

O índice PCE de inflação subiu 0,1% no mês passado, repetindo a taxa de novembro, disse o Departamento do Comércio nesta sexta-feira. Nos 12 meses até dezembro, o índice de preços PCE aumentou 5,0%, depois de ter avançado 5,5% em novembro.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços PCE subiu 0,3%, após alta de 0,2% em novembro. O chamado núcleo do PCE subiu 4,4% na base anual em dezembro, de 4,7% em novembro.

O Fed acompanha os índices de preços PCE para as decisões de política monetária. Outras medidas de inflação também diminuíram significativamente.

No ano passado, o Fed aumentou sua taxa de juros em 425 pontos-base, de quase zero para uma faixa de 4,25%-4,50%, a mais alta desde o final de 2007. Os mercados financeiros precificam um aumento de 25 pontos na reunião do banco central de 31 de janeiro e 1º de fevereiro, de acordo com a ferramenta FedWatch, da CME.

Ajustados pela inflação, os gastos dos consumidores caíram 0,3% em dezembro, a maior queda em um ano, após recuar 0,2%. Isso coloca o dado em uma base de crescimento menor no início do primeiro trimestre. As perspectivas de gastos são nebulosas, com a renda pessoal subindo 0,2%, o menor ganho desde abril e após aumento de 0,3% em novembro.

Os salários subiram 0,3%, igualando o aumento de novembro. Mas com a retração da inflação, o poder de compra dos consumidores está aumentando. A renda à disposição das famílias, descontada a inflação, aumentou 0,2%. A taxa de poupança subiu para uma máxima de sete meses de 3,4%, de 2,9% em novembro.

((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5047 2984))

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