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BC mantém Selic em 13,75% sem sinalizar corte futuro de juros e eleva projeções de inflação

O Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano nesta quarta-feira, como esperado, mas frustrou expectativas de parte do mercado e do governo ao deixar de sinalizar um possível afrouxamento à frente. A autarquia ressaltou em comunicado que o ambiente externo se deteriorou desde a última reunião, em fevereiro, com episódios envolvendo os bancos nos EUA e na Europa elevando a incerteza. O BC também elevou suas projeções para a inflação e reafirmou que conduzirá a política monetária necessária para cumprir as metas de inflação.

FLAVIO SERRANO, ECONOMISTA DA BLUELINE ASSET MANAGEMENT

"O comunicado veio bem em linha com o que a gente esperava, com o BC reforçando a manutenção da Selic por período prolongado. Temos um cenário mais conservador em relação à política monetária: não temos arcabouço fiscal, não há meta de inflação definida, e temos uma deterioração das expectativas de inflação. Essa deterioração pode ser vista nas próprias projeções de inflação do comunicado, que aumentaram."

GUSTAVO ARRUDA, DIRETOR DE PESQUISAS PARA AMÉRICA LATINA DO BNP PARIBAS

"Dada a expectativa, achei uma ata mais 'hawkish', com pouca novidade em relação ao tom da ata passada, que já era uma ata bastante dura. E deixaria como ponto importante o foco nas expectativas de inflação, o que eu acho que está correto. Provavelmente vai atingir o mercado diminuindo a probabilidade de cenários com corte de juros nas próximas reuniões. O BNP hoje prevê corte de juros só em 2024, acho que a gente está bastante confiante, em linha com esse comunicado."

MAURICIO ORENG, SUPERINTENDENTE DE PESQUISA MACROECONÔMICA DO SANTANDER

"Seguindo uma linha de ação semelhante à de alguns dos principais bancos centrais (BCE, Fed), o Copom indica no comunicado que, mesmo ciente de incertezas financeiras externas e siais de arrefecimento no crédito doméstico, a autoridade monetária segue focada em seu objetivo estatutário principal: perseguir a meta de inflação no horizonte relevante. A julgar pelo comunicado, o Copom parece manter o plano de voo de juros estáveis por um período prolongado, como uma resposta às incertezas fiscais e a desancoragem das expectativas de inflação, que segue como grande preocupação do Comitê."

PAULO GALA, ECONOMISTA-CHEFE DO BANCO MASTER

"As novidades foram, primeiro, reconhecer o agravamento da situação de crédito da economia nos EUA, e o impacto que isso pode ter na economia mundial, e também reconhecer que a situação de crédito no Brasil ficou mais difícil. Terceiro, também registrou que a atividade econômica está desacelerando no Brasil, mas em linha com o que o Copom esperava. Mas nenhum destes três elementos está conectado com alguma mudança em estratégia de taxas de juros. O Copom reforça que expectativas estão desancoradas e que vai seguir perseverando no caminho de manter o juro elevado por período suficientemente elevado."

LEONARDO COSTA, ECONOMISTA DA ASA INVESTIMENTS

"Comunicado em linha com a nossa expectativa, mais hawkish do que o mercado esperava. Na reunião de março, o BC fez referência à piora no mercado internacional via aumento da volatilidade no mercado financeiro dos EUA, o que indica a continuidade da trajetória contracionista nas economias centrais. No doméstico, seguimos com atividade em desaceleração, contudo, seu modelo indicou inflação mais elevada em 2023 e 2024."

MATHEUS SPIESS, ANALISTA DA EMPIRICUS RESEARCH

"Diferente do que se supunha, ele não flexibilizou o tom no comunicado, apesar de ter mantido a taxa de juros inalterada, como era o esperado. Claro, ainda temos que esperar a ata na semana que vem, então, mas o comunicado em si mostra um recado para o Lula: se você quer corte de juros, pare de falar e apresente responsabilidade fiscal. Uma frase no final do comunicado pesa muito: 'O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado'".

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